Confira a mensagem de Frei Massimo:
Este ano celebrei a festa de São Francisco longe de Assis e de sua beleza de espiritualidade e arte, longe da memória viva do Poverello, quase impressa naquelas pedras. No VIII Centenário da impressão das Chagas, aceitei o convite para ir a Canindé, no nordeste do Brasil, onde há mais de cem anos existe um santuário, o de São Francisco das Chagas. Enquanto dirigíamos de Fortaleza pela estrada ladeada de palmeiras e cactos em direção a Canindé, via cada vez mais veículos carregados de peregrinos que chegavam ao santuário. Muitos deles fazem o trajeto a pé, alguns até descalços.
Ao entrar em Canindé, começo a ver muitas pessoas, grandes e pequenas, caminhando; muitos vestem um hábito. Nesse momento, vejo redes por toda parte, penduradas nas árvores em áreas verdes ou praças. É uma explosão de vida refletida em palavras, cânticos, olhares, abraços e orações. Toda a cidade se transforma em um santuário. Não apenas a igreja de São Francisco das Chagas, abarrotada de gente, mas também as ruas e até os quiosques onde se pode tomar algo refrescante, pois o calor não dá trégua.
Este povo simples, marcado pelo sol e pelo esforço, transborda pela cidade de São Francisco, como a chamam, buscando sua presença oculta e confiando em sua intercessão. No santuário, há um buraco no qual todos se inclinam, com a esperança de ver São Francisco, que, segundo a crença popular, vive escondido naquele local e de lá concede graças de todos os tipos. Pensei então em como a fé dos simples contém uma verdade. Que aqueles que visitam nossos lugares e as casas de nossos frades possam buscar e deixar-se tocar pela presença de Francisco, viva por meio de nossas vidas como irmãos menores!
A procissão e o Trânsito na noite de 3 de outubro reúnem mais de meio milhão de pessoas, que cantam, celebram, rezam e mantêm silêncio. São tantos os voluntários, sobretudo jovens, tão entusiasmados em fazer parte desta grande festa popular, que aqui abraçam Francisco, sentem-no como seu e o experimentam vivo e atuante.
Muitas pessoas esperam fora dos confessionários, rezam no santuário e dormem ali para cumprir uma promessa; outras participam da Eucaristia e depois se reúnem ao redor das redes, preparando-se para passar a noite ao ar livre. O calor é sufocante, mas não impede o fervor de ninguém.
Segundo o povo do nordeste, Francisco vive em Canindé. Francisco vive onde o povo o busca, onde seus passos são seguidos em caminhos poeirentos, onde a esperança se acende em uma centelha de vida, de cura, de perdão. Os pobres, à sua maneira, sabem reconhecer o rastro deixado pela presença de Francisco e segui-lo. Que eles nos ensinem a não nos cansarmos de buscá-lo e, com ele, a seguir os passos de Cristo.
Reprodução do texto: OFM Roma.
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