Certo dia do ano de 1205, enquanto estava rezando na Igreja de São Damião, fora dos muros de Assis, pareceu-lhe ouvir uma voz vinda de um crucifixo pendurado atrás do altar. A voz lhe falou três vezes seguidas: “Francisco, vai e reconstrói a minha igreja casa que, como vês, está ruindo”. Olhando o estado lastimável da capela, pensou que a voz pedisse a restauração material. Foi para casa e, na simplicidade de seu coração, pegou da loja do pai um carregamento de tecidos. Colocou-os sobre a montaria e saiu a vendê-los. Vendeu até o cavalo, fazendo 15km a pé para retornar ao lar.
Francisco levou o dinheiro obtido para o padre que cuidava da Igreja de São Damião. Pediu mais: queria ficar morando ali, e o padre aceitou, mas rejeitou o dinheiro. Decepcionado, Francisco o depositou no parapeito da janela e ficou morando com o padre.
Colocado a par dos acontecimentos, enfurecido especialmente pelo prejuízo, Pedro Bernardone foi até a Igreja, tirar satisfação. Vendo a recido especialmente pelo prejuízo Pedro, Bernardone foi até a Igreja, tirar satisfação. Vendo a situação em que se metera, Francisco escondeu-se num buraco, donde saía apenas para as necessidades fisiológicas. Passados alguns dias entre orações e jejuns, ele saiu tão desfigurado e mal vestido que as pessoas passaram a tirar pedras nele, pensando que estivesse louco. O pai, mais aborrecido ainda, deu-lhe umas surras violentas, amarrou-o com algemas e o prendeu dentro de casa. Sonhara tanto em ter o filho único tocando os negócios, e agora parecia-lhe estar diante de um maluco.
Pedro Bernardone novamente em viagem de negócios e dona Pica libertou o filho, convencida de que não mudaria suas ideias. Livre, Francisco mandou-se para a Igreja de São Damião.
Fonte: São Francisco. O Poeta da criação. Autor: Pe. José Artulino Besen. Editora: Mundo e Missão.