Percebendo o crescimento de sua Ordem, em 1220 Francisco entregou seu governo a frei Pedro Cattani. Seria seu vigário, e ele teria mais tempo para zelar pela vida espiritual de seus irmãos. Foi um grande sofrimento para ele ver o querido frei Pedro morrer em março do dia seguinte. Pedro Cattani tinha sido seu segundo discípulo e o ajudava muito com sua amizade e sabedoria. Em seu lugar, frei Elias de Cortona é eleito vigário-geral.
Em Pentecostes, maio de 1221, realizou-se a última assembleia de todos os frades, presidida por Frei Elias, com a presença de Francisco. Este Capítulo geral recebeu o nome de “Capítulo das Esteiras”, por cauda do número de cabanas de pau-a-pique e de esteiras estendidas para abrigar os irmãos presentes.
Havia perto de 5 mil confrades. O povo fez de tudo para alimentá-los. Trouxeram tanta comida que, no final, os frades ficaram mais dois dias para acabar de comer o resto.
Nesse grupo de milhares de irmãos, era inevitável que em alguns o espírito inicial de Francisco estivesse enfraquecido. Muitos pediam mais praticidade, julgando não sendo possível viver na rua, em extrema pobreza.
Outros achavam que era necessário estudar, para poder discutir com os hereges, os descrentes. Indignado, Francisco disse: “Meus irmãos, o Senhor me chamou para o caminho da simplicidade e da humildade e este é o caminho que Ele mostrou a mim e a todos quanto acreditarem e me seguirem… O Senhor me disse que me queria pobre e tolo neste mundo, e que ele não desejava nos conduzir por outro caminho que não este. Que Deus vos confunda em vossa sabedoria e estudo e, por todo este vosso espírito de crítica, vos conduza à vossa vocação, quer queirais, que não”.
Surgiu também o pedido dos irmãos para que pudessem estudar. Francisco não era contra os estudos. O que ele mais temia era que a Senhora do Saber derrotasse a Senhora Pobreza. Mas, acabou se convencendo de que os frades precisavam ser melhor preparados como o primeiro professor da Ordem franciscana, com a recomendação de “não abandonar a oração, à qual todas as demais coisas devem servir”.
Frei Antônio, o Santo de Pádua, no capítulo era quase que desconhecido. No final, quando todos tinham recebido novos campos de trabalho, sobrou ele, que ninguém tinha escolhido. Achavam que era um frade “bom para nada”.
Fonte: São Francisco. O Poeta da criação. Autor: Pe. José Artulino Besen. Editora: Mundo e Missão.