Recebendo um faisão de presente, Francisco louvou a Deus pela sua existência. Depois disso, o faisão não largava de seu pé e não queria saber de mais ninguém. Vendo uma cigarra no jardim, pediu que ela louvasse a Deus e ela se pôs a cantar até que ele a mandou parar.
Estando no lago Transímero, fez amizade com uma lebre que não queria mais deixá-lo. Andando de barco no lago de Reti, recebeu um peixe vivo. Deitou-o novamente na água, e o peixe começou a seguir o barco até o Santo mandá-lo seguir adiante.
A cidade de Gúbio estava assustada com um lobo feroz que ameaçava currais e pastores, dizimando rebanhos. O povo tinha uma solução: matar o lobo. Francisco pediu um tempo e foi procurar a fera. Encontrou-o a entrada da toca, ameaçador. “Irmão Lobo, vamos conversar”, diz Francisco, manso e com ar amigo. Fala-lhe que sua vida esta errada, vive assustando, roubando, prejudicando. E avisa-o que corria perigo de ser morto. Se está com fome, procure auxílio, mas sem violência. Resfolegando, olhos ameaçadores, o lobo sai da toca movido pela curiosidade. “Vou fazer-lhe uma proposta, irmão lobo”, continuou Francisco: ”Você para de roubar e matar, e assim os moradores de Gúbio lhe perdoam os crimes e se encarregam de sua comida.” O lobo foi amansando, torna-se meigo e abana a cauda em sinal de concordância. “Passa a patinha aqui”. E Francisco a aperta, fraternalmente, continuando: “Vamos agora para a cidade, para as pessoas conhecerem nosso acordo”. E entraram na cidade, deixando os moradores espantados e temerosos. Francisco apertou-lhe mais uma vez a pata, deixando os moradores comovidos.
O povo de Gúbio cumpriu a promessa de tratar o lobo até morrer. Por sua vez, o animal viveu fraternalmente com todos, especialmente agradecido a Francisco.
Há aqui uma grande lição: o milagre de Gúbio foi dar comida a um bicho violento por causa da fome. Muitos seres humanos também se tornam violentos, por falta de vida, comida e amigos.
Fonte: São Francisco. O Poeta da criação. Autor: Pe. José Artulino Besen. Editora: Mundo e Missão.