Era uma vez um homem: pobre, doente, coberto de chagas. Estava sentado às portas de um palácio de um ricaço e esperava pelas migalhas da mesa farta. Mas a ganância do ricaço o ignorava e o deixava morrer à míngua. O pobre tinha um nome: Lázaro, que significa “Deus ajuda”. E a “Ajuda de Deus” estava tão perto do ricaço, na frente da entrada de seu palácio, mas o ricaço deixou a “Ajuda de Deus” morrer.
Era uma vez um Deus: humilhado, desprezado, condenado. Estava crucificado pelas mãos e pelos pés. Para se certificar de sua morte, um soldado romano lhe abriu o peito com uma lança, completando-lhe as cinco chagas. Este Deus também tinha um nome: Jesus, o que significa “Ele salva”. E a “Salvação de Deus” estava tão perto dos homens, mas os homens a mataram.
Mais tarde apareceu outro homem, alegre, corajoso, filho de um rico comerciante. Depois de uma guerra perdida, lá na prisão, ferido no corpo e no orgulho, este homem descobre sua chaga interior, sua vulnerabilidade, sua fragilidade, sua fraqueza. Seu nome era João, mas sua mãe o apelidava carinhosamente de “pequeno Francês” ou seja “Francisco”. E Francisco um dia se encontra nas ruínas da Capela de São Damião diante de uma imagem de Jesus crucificado, e, sofrendo na sua chaga interior, sente compaixão com Jesus chagado e descobre a “Salvação de Deus”. Mais tarde vai encontrar um leproso, coberto de chagas, e sofrendo de novo na sua chaga interior, sente compaixão com o irmão leproso e encontra a “Ajuda de Deus”. E durante toda a sua vida, Francisco sente compaixão com todas as criaturas que sofrem qualquer tipo de violência ou discriminação. Dois anos antes de sua morte, depois de uma longa “noite escura” (experiência de solidão e de abandono) aparece a São Francisco um anjo Serafim e Francisco vê impresso em seu corpo as cinco chagas de Jesus. A sua chaga interior, que por amor ao Cristo crucificado o fez sentir compaixão com os pobres chagados, se torna visível, por graça divina. São Francisco como sinal da “Salvação de Deus” tornou-se uma “Ajuda de Deus”.
Por isso acorrem a São Francisco das Chagas milhares de pessoas, cobertas de chagas, buscando esperança, consolo, cura e libertação, buscando a “Ajuda de Deus” e em Canindé encontram-se com o “Servo Sofredor” de quem o profeta Isaías escreve: “Por suas chagas fostes curados” (Is 53,5b)