Romeiros e devotos vindos de diversos lugares do Nordeste lotaram a Praça dos Romeiros para a celebração da Solenidade do Natal do Senhor no Santuário de Canindé. A imagem vista das partes mais altas do anfiteatro transparecia a mensagem da própria liturgia da noite santa, que apresentava a manifestação de Deus, que trouxe a “salvação para todos os homens” (Tito 2, 11). Diferente do que aconteceu no dia da primeira vinda de Jesus, quando não havia lugar nas pousadas de Belém para o seu nascimento, a unidade e a comunhão dos devotos transpareciam como uma casa de portas abertas para acolher, na Palavra e na Eucaristia, o Salvador.
Neste espírito, antes mesmo da Celebração Eucarística, a assembleia prestigiou a apresentação do Pastoril “A caminho de Belém”, que mostrava a saga das pastoras rumo a cidade Palestina para oferecer cantos e festejar o menino recém-nascido.
Quando o ponteiro marcava as 20h, com o início da Missa Solene de Natal, o tempo e a história se convergiam para a celebração de um novo tempo de festa, ornado com flores, embalado por hinos de louvor e revestido de branco. Assim como outrora, quando a salvação tocou nossa terra, como anunciado no canto da Calenda, agora, com a celebração da solene liturgia, aquele que é a própria esperança substituía o sentimento de expectativa presente nos corações.
Após a proclamação do Evangelho, foi entronizada na Praça a imagem do Menino Jesus, sendo conduzida por São Francisco, fazendo recordar a própria mensagem do prólogo de São João, que nos lembra que “a Palavra se fez carne e habitou entre nós”. O menino foi colocado aos pés do altar, seguindo o que foi feito pelo Pai Seráfico há mais de 800 anos em Greccio, chamando a atenção que a participação na Eucaristia, é uma forma por excelência de tornar presente o nascimento do Senhor entre nós, e assim podemos renovar nosso compromisso de fé. A entronização da imagem foi concluída com uma oração e incensação do presépio.
Frei Gilmar: Quem acolhe Jesus na sua vida deve ser um sinal de esperança
A partir do tema escolhido para a celebração do Natal no Santuário, “O Menino que nasceu entre nós é sinal de Esperança para a humanidade”, Frei Gilmar, durante a homilia, chamou atenção para a virtude teologal que norteará o caminho da Igreja no ano de 2025, com o Jubileu Ordinário: a esperança. Segundo o reitor do Santuário, em um mundo marcado por guerras, quem acolhe Jesus deve ser um sinal de esperança, apontando sempre a confiança e o empenha na construção de um lugar melhor.
Voltando suas palavras ao Evangelho de Lucas, o frade franciscano chamou atenção para a figura dos pastores, homens simples que, hoje, poderiam representar os marginalizados, aqueles que continuam longe da cidade e excluídos da sociedade. Diante desse exemplo, Frei Gilmar enfatizou que é na simplicidade que se pode reconhecer a presença de Jesus e confirmou sua fala apresentando um outro exemplo bem conhecido, de quem fez de sua vida um despojamento na busca de seguir os passos de Cristo: São Francisco de Assis. Frei Gilmar lembrou o objetivo do santo na construção do primeiro presépio que era contemplar o imenso gesto humildade de Deus que desceu para ficar perto do ser humano.
“Hoje, Greccio é Canindé”, disse o reitor do Santuário, fazendo uma ligação entre a cidade italiana, que um dia foi escolhida para a recordação do Nascimento do Senhor, e a cidade cearense, que traz milhares de pessoas no final do ano para celebrar o Natal, seguindo os passos de São Francisco. Os dois lugares, distantes pela geografia, pelo clima e pela cultura, se convergem na figura do santo de Assis, que, segundo o presidente da celebração, faz com que milhares de devotos, assim como os pastores, tragam seus dramas e realidades ate a cidade da fé e por vezes de forma simples e com apertos instalam em redes debaixo das árvores e partilham os alimentos com todos com que se encontram.
Na esteira da mensagem franciscana, Frei Gilmar apresentou aos fiéis um tripé usado pelo Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Massimo Fusarelli, em sua mensagem de Natal para toda a fraternidade franciscana neste ano. A partir do tema do Jubileu de 2025, “Peregrinos da esperança”, o primeiro ponto apresentado foi um convite para alimentar o desejo da esperança, alertando para a necessidade de ser pontes entre o presente e o futuro, alimentando nos pequenos essa virtude. Ao falar sobre o segundo ponto, intitulado “Abrir caminhos de paz”, o presidente da celebração lembrou que todos precisamos ser homens e mulheres do diálogo e do respeito para com todos. O último ponto do tripé apresentado na homilia esteve relacionado ao cuidado com a “casa comum”, sobre este tema, Frei Gilmar convidou a todos para uma maior atenção e compromisso com todas as criaturas.
Concluindo suas palavras, o reitor do Santuário pediu que, a partir do olhar de Francisco, observássemos a humildade do Filho de Deus e, assim como o ato de amor realizado pelo próprio Deus, assumíssemos um compromisso com nossos irmãos e irmãs.
A celebração solene deu seguimento com a Liturgia Eucarística e o Rito da Comunhão. A celebração foi concluída com a bênção solene, os ritos finais e as felicitações de um Feliz Natal.
Confira alguns registro da Missa de Natal:
Confira as mensagens de Natal de Frei Gilmar Nascimento e Frei Davi dos Santos, OFM:
Texto: Serviço de Comunicação do Santuário – Frei Roberto Alves, OFM
Fotos: Caio Renan