A cada ano que passa, quando chega o tempo do Natal de Jesus, o apelo ao consumo é muito grande e o Dono da festa, aquele cujo nascimento celebramos, é substituído pelo papai noel, transformado em “garoto propaganda” da indústria e do comércio interessados em vender e lucrar.
Apesar de toda distorção sofrida pela festa do nascimento do Senhor, o Natal continua sendo a festa do coração, fazendo a humanidade sonhar com a paz e a solidariedade entre homens e mulheres de todas as partes do mundo, sem distinção de raça, cor, cultura e mesmo religião. O nascimento de Jesus, o Filho de Deus, continua revelando o sentido profundo da vida humana neste planeta e mostrando que não podemos viver sem nos amar uns aos outros.
Para São Francisco o Natal “era a festa das festas, em que Deus, feito um menino pobrezinho, dependeu de peitos humanos” (2C 199). De fato, contemplando Jesus recém-nascido da Virgem Maria, assim como qualquer criança, estamos diante de um ser indefeso, dependente totalmente do amor da mãe e do pai. Jesus fez essa experiência no mistério de Seu Natal; experimentou o amor traduzido em sacrifício, doação e ternura de Maria, Sua mãe e de José, escolhido pelo Pai para cuidar de Seu Filho Unigênito.
Com a sabedoria dos pobres e humildes segundo o Evangelho, São Francisco descobre o verdadeiro sentido do Natal, e o vive e celebra plenamente porque “depois que o Senhor nasceu por nós, devemos estar certos de nossa salvação” (Sp 114).
O Natal é a festa em que o Pai do céu declara Seu amor por toda a humanidade e por toda a criação, como afirma o próprio Jesus a Nicodemos: “Deus amou de tal forma o mundo, que deu o Seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
É preciso que redescubramos com São Francisco o verdadeiro sentido do Natal de Jesus. Não podemos deixar que ela se torne uma festa paganizada pelo desejo do consumo nem por um sentimentalismo que não nos comprometa com a paz e o bem das pessoas. O Natal de Jesus que São Francisco vivia e celebrava, fazia-o reviver “os apertos que Jesus passou, sua pobreza e humildade ao nascer e ser posto em cima de palhas, entre o boi e o burro” (1C 84).
Neste ano, em que milhões de nordestinos sentem a dureza de uma seca prolongada, a carência da colheita de alimentos e a morte dos animais, é necessário que o Natal seja celebrado no clima da solidariedade e do sentimento que nos compromete com todos os que estão sofrendo. Isso não significa que não festejemos e nos alegremos, mas que a alegria que nasce do Natal de Jesus una toda a humanidade e nos faça sentir o calor da fraternidade e da solidariedade, pois, em Jesus, somos todos irmãos e irmãs!
No ano de 1223, três anos antes de sua gloriosa morte, São Francisco celebrou o Natal num pobre povoado chamado Greccio. Fez com que todos participassem da noite de Natal revivendo o que tinha acontecido no dia que o Filho de Deus nasceu entre nós. E naquela noite “o menino Jesus que estava dormindo no esquecimento de muitos corações, ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança” e todos ficaram cheios de alegria e certos de que quando Jesus nasce no coração da humanidade, a fome é vencida e há fartura não só de pão, mas de paz e de vida. É o que São Francisco quer que seus devotos e romeiros espalhados por todo o Brasil redescubram neste Natal!
Feliz Natal e um Novo Ano iluminado por Aquele que nos fez filhos e filhas de Deus!
Frei Marconi Lins de Araújo – Ministro Provincial.
Veja a Programação no Santuário de São Francisco das Chagas de Canindé (clique na imagem abaixo para ampliar!)
Fonte: Jornal O Santuário e Equipe de Comunicação do Site Santuário.