Os devotos que visitam a Basílica de São Francisco das Chagas, em Canindé, se deparam com o esplendor das pinturas no teto do templo. Neste ano, a obra de arte completa 95 anos de criação.
No ano de 1926, Canindé estava em festa. Os Franciscanos que moravam na cidade decidiram decretar o “Ano Franciscano”, em alusão ao 7º centenário da Morte de São Francisco.
No ano anterior, o Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes, conseguiu obter da Santa Sé a elevação do Santuário à dignidade de Basílica. Era mais um motivo para festa e celebração.
No livro S. Francisco das Chagas de Canindé, Frei Venâncio Willeke, OFM, relata que os frades cuidavam de embelezar o templo do Pai Seráfico. Para isto, contrataram o renomado pintor alemão Jorge Kau, que chegou ao sertão de Canindé em abril de 1926.
Treze painéis
O artista pintou no teto da nova Basílica, usando a técnica do afresco, treze painéis retratando a vida e morte de São Francisco. Na nave central da Igreja estão as pinturas retratando a renúncia de São Francisco aos bens terrestres, o sermão aos pássaros e a estigmatização. No cimo das colunas foram retratados os quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João.
No forro da Capela maior, o artista retratou a santa morte do Patriarca de Assis e por cima do Altar maior, a majestosa figura de Cristo-Rei. Ao lado da imagem milagrosa de São Francisco, Georg Kau pintou os quatro principais Santos das Ordens franciscanas.
Inauguração dos painéis
A obra foi inaugurada naquele Ano Franciscano, em 2 de agosto de 1926, no dia da Festa de Nossa Senhora dos Anjos ou de Porciúncula, mais conhecida como Festa do Perdão de Assis.
Na ocasião, pela manhã, foi celebrada uma Missa pontifical com o Arcebispo, concelebrada por mais dois Bispos e 25 sacerdotes. No período da tarde, uma solene procissão que durou duas horas, percorreu as ruas e praças de Canindé, com a presença de 20 mil pessoas.
No cortejo, as imagens de São Francisco, Nossa Senhora das Dores, Santo Antonio, a Imaculada Conceição e as insígnias da Basílica, que passaram a ficar expostas perenemente no altar principal da Igreja, a partir daquele dia.
O momento foi encerrado com a execução do solene Te Deum, seguido de bênção do Santíssimo Sacramento.