Na Idade média muitas vezes as epidemias como a peste e a cólera dizimaram cidades inteiras. A morte reinava e a população toda entrava numa depressão. Mas no final, o sentimento da vida surgiu de novo, e os sobreviventes colocavam máscaras e dançavam freneticamente mangando da morte, que não conseguia reconhecer os foliões para se vingar. Assim surgiu um tempo novo para retomar o ritmo da vida, a celebrar a sua vitória sobre a morte.
Carnaval vem de uma palavra latina: “carne levare” o que pode ser traduzido “tirar a carne”. O Carnaval antecede a partir da quarta feira de cinzas a Quaresma com seus jejuns e sua abstinência de comer carne, para lembrar que Jesus ofereceu sua carne (seu corpo) no sacrifício redentor na cruz.
Em muitos lugares o Carnaval hoje é festejado com excessos de bebidas e outras drogas, de libertinagem e de depravação. Por isso, muitos cristãos preferem desistir da alegria do carnaval e se refugiam em retiros espirituais, às vezes numa atitude quase de fariseus, quando não só procuram a sua própria conversão, mas julgam e condenam os foliões como pecadores perdidos.
O que eu gostaria de ver é que o povo sempre tivesse um tempo certo para bailar, para se alegrar, para esquecer as amarguras da vida, para sonhar com a plenitude de uma vida digna: um carnaval decente com o povo dançando na presença de Deus, como cantava e dançava o rei Davi (2Samuel 6).
Depois dos dias de alegria vem o tempo certo para gemer, para fazer penitência, para praticar a justiça e a caridade e para realizar o sonho de um mundo melhor, o que certamente exige compromisso de trabalho e de luta, de sacrifício e de abnegação.
A festa da vida sobre a morte, que sonhamos no Carnaval, preparamos na Quaresma, a realizamos na Páscoa com o Cristo ressuscitado, vencedor sobre a morte e Senhor da Vida.
Para todos vocês, prezados leitores e leitoras: alegre Carnaval, proveitosa Quaresma e uma feliz Páscoa!
Colaboração: Frei João Sannig, OFM (vigário)
Fonte: Jornal O Santuário e Equipe de Comunicação do Site Santuário.