Missa do Vaqueiro será celebrada neste sábado no Parque de Exposição

Será realizada neste sábado dia 29 de setembro, as 10hs no Parque de Exposição Francisco De Assis Bessa Xavier a 48ª Missa dos Vaqueiros, como parte da programação da Romaria em homenagem a São Francisco, o santo do Sertão que começou no dia 24 de setembro e que prossegue até o dia 04 de outubro. O ato religioso será presidido pelo padre Roberto Reinaldo da Paróquia de São José.

A celebração começou a integrar o calendário da festa em 1970, por intermédio do poeta popular Raimundo Marreiro, já falecido, do executivo Juarez Coutinho e da vaqueira, hoje Mestra da Cultura do Estado do Ceará, Dina Maria Martins, que mantêm viva essa tradição entre cavalos, vaqueiros, amazonas e fé.

A Prefeita da cidade Rozário Ximenes e o vice-prefeito que na época era o prefeito Jesus Romeiro que sancionou a Lei de nº 2.051 de 29 de abril de 2008 que institui o Dia do Vaqueiro no Município de Canindé.

A primeira missa foi celebrada em 1º de outubro de 1970, pelo então vigário da Paróquia de São Francisco, frei Lucas Dolle, um franciscano que amava cavalos. Em 1976, devido ao grande sucesso da festa, a cavalgada da fé contou com a presença do inesquecível “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga.
Este ano, a festa em homenagem ao maior símbolo vivo do sertão nordestino muda por decisão da Paróquia. A Santa Missa tem novo horário: será celebrada as 10 horas no Parque de Exposição.
“Estamos realizando mais uma edição da maior romaria que envolve o vaqueiro do Nordeste. Este ano, esperamos contar com a participação de 1.500 vaqueiros de vários Municípios do Ceará. A missa é uma forma de agradecimento a São Francisco por tudo de bom que ele nos proporciona durante o ano, principalmente na proteção divina quando estamos na luta diária entre cavalo e gado”, o Presidente da Associação Edilânio Freitas.
Canindé é o único Município do Ceará que tem uma data especial para classe. “A categoria comemora a data no dia 22 de agosto, Dia do Folclore, conforme a lei municipal 2.051, de 29 de abril de 2008”.

A missa do vaqueiro realizada em Canindé, no Sertão Nordestino, estar incluída no calendário oficial de eventos do Estado do Ceará, de acordo com a Lei nº 14.520 de 08 de dezembro de 2009, sancionada pelo Governador do Estado do Ceará à época Cid Ferreira Gomes

Todos os anos, Vaqueiros dos Sertões de Canindé se reúnem em demonstração de fé para homenagear a profissão numa das maiores manifestações cultural e religiosa do Nordeste. O orgulho de ser vaqueiro, a coragem de correr no mato e a lida diária com o gado, são atributos do homem que dedica parte do seu tempo para manter viva essa tradição milenar que remonta sua história pelo ciclo do couro.

Para o presidente da Associação, Edilânio Aboiador, a vida desses “heróis” do campo não é nada fácil. “É um personagem típico do sertão. O vaqueiro ainda mantém tradições e bravuras herdadas dos tempos da civilização do couro. A tradição herdada dos tempos da colônia” ressalta o dirigente.

Mitos

Conforme salientou, a lida atrás dos rebanhos foi elemento formador de cidades, base de alimentação e motivadora de rituais, festas e mitos.

O que mais chama a atenção é a vestimenta ou gibão de couro, feita por vaqueiros que passam a tradição de pai para filho. “Essa vestimenta inclui chapéu, guarda peito, luvas, perneiras como proteção contra os espinhos da Caatinga”, observou. ‘’O gibão protege a pele do vaqueiro, protege a alma e o coração’’.

Dina Martins, a única mestra da cultura vaqueira do Brasil que ainda participa das atividades, da classe mais simples do mundo lembra-se da história das missas celebradas na região. Ela é uma espécie de embaixadora dos vaqueiros. Mestra Dina diz, com orgulho, que tudo começou em 1970, exatamente no dia 1º de outubro, quando o vigário da época, frei Lucas Dolle, um alemão cheio de coragem e com intenção de ser vaqueiro (ele participou da 1ª Guerra Mundial montado a cavalo) rezou a primeira missa no pátio da Basílica de São Francisco, na presença de um grande número de adeptos da profissão.

Ela lembra que o sucesso da primeira missa foi tão grande que, em 1976, Luiz Gonzaga fez questão de vir conhecer a festa.

Encantamento

“Luiz Gonzaga ficou encantado com tudo que viu. “Foi muita emoção para todos nós”, diz com os olhos cheios de lágrimas a mulher vaqueira que desafiou o Rei do Baião em aboios.

‘’Somos os únicos do Brasil que temos, por meio de uma lei do Município, de número 2.051 e 29 de abril de 2008, o dia dedicado à nossa categoria, que é comemorado no dia 22 de agosto, data nacional que homenageia o folclore”, ressalta Dina Martins, para quem vive da vida do gado tem orgulho de ser vaqueiro, conforme destaca.

‘’faço parte de uma categoria que muito me estima. “Sou vaqueiro por dedicação e tudo que tenho hoje foi conseguido com essa vida simples, mas orgulhosa por tantos feitos que me torne especial”, frisa José Pedro da Silva.

Como toda cidade tem seu prefeito, a categoria de vaqueiros de Canindé também tem o seu líder.

Trata-se de Cosmo Paulino, um homem amigo, que passou a ser reconhecido como o prefeito da classe. ‘’eles me elegeram prefeito, sem precisar de eleição. Foi tudo muito rápido. “Disseram: ´Cosmo, você, a partir de hoje, é o nosso prefeito, foi isso”, diz o vaqueiro que começou montando em um carneiro.

Profissão

Pouca gente sabe, mas o vaqueiro, em modo geral, é uma profissão regulamentada pela lei 10.220 de 11 de abril de 2001, sancionada pelo então presidente, Fernando Henrique Cardoso.

“Vaqueiro é um profissional qualificado para tratar, manejar e conduzir animais das espécies bovino, bubalino, equino, muar, caprino e ovino. “A contratação dos serviços de vaqueiro, diz a lei, é de responsabilidade do administrador do estabelecimento agropecuário de exploração de animais de grande e médio porte, de pecuária de leite, de corte e de criação”, explica o presidente da Associação dos Vaqueiros.

É obrigatório, de acordo com a lei, seguro de vida e de acidentes em favor do vaqueiro nos contratos de serviço ou de emprego. Tal seguro deve compreender indenizações por ressarcimento de despesas médicas e hospitalares decorrentes de eventuais acidentes ou doenças profissionais que o vaqueiro vier a sofrer durante sua jornada de trabalho, independentemente da duração da eventual internação, dos medicamentos e das terapias que assim se fizerem necessários para a pronta recuperação da saúde.

A lei regulamenta situação factual, existente de longa data, reconhecendo a importância desses profissionais e os perigos aos quais eles estão expostos em sua luta diária.

‘’Essa lei faz justiça a uma categoria típica de trabalhadores, cujo cruel esquecimento reclamava a regulamentação que em boa hora é implementada’’.

Colaborador: Antônio Carlos Alves (texto com adapção pela Equipe de Comunicação do Santuário/PASCOM).

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