Ao som de cantos franciscanos e da animação realizada por Frei Francisco Rogério e o Grupo Gênesis, os devotos de São Francisco foram chegando à Praça dos Romeiros para a última noite de Novena, onde a Família Franciscana celebra o Trânsito de São Francisco. Ao longe, se via despontar em uma das entradas do anfiteatro, o conjunto de luzes que ladeiam o Painel do Santo Padroeiro. Uma multidão seguia em procissão e aos poucos foram sendo preenchidos os diversos espaços da Praça com capacidade para 110 mil pessoas.
Celebrando a passagem de Francisco, o animador do novenário, motivou logo de início a lembrança de tantos romeiros e devotos que morreram nos últimos anos por conta da COVID 19. Frei Francisco apresentou a solidariedade e comunhão com todas as famílias e ressaltou; “Nós queremos com São Francisco que celebra a vida eterna, trazer na memória todos estes irmãos e irmãs e nos comprometer com a causa do amor, para que ele vença o ódio, para que a verdade e a ciência, iluminada pela palavra de Deus e pelo Espírito Santo, encontrem lugar em nosso coração. Nunca mais ao negacionismo! Porque a vida é muito importante”.
A novena que traz um roteiro próprio, deu inicio com a saudação do reitor do Santuário de Canindé, Frei Gilmar Nascimento que motivou a todos a rezar a Oração do Ângelus, acolheu o estado homenageado do Maranhão e ainda conduziu a Invocação ao Espírito Santo. Em seguida foi acolhido no espaço celebrativo a Família Franciscana composta pelas Irmãs Clarissas, Frades, OFS, JUFRA e Irmãs Franciscana da Imaculada Conceição ao som do Cântico das Criaturas.
Ao longe, no meio da multidão, era possível ver um mar de luzes, intercalada por velas e lanternas dos aparelhos celulares e a noite do Trânsito foi sendo iluminada pela fé e a esperança dos devotos, assim como outrora no dia 3 de outubro de 1226 quando Francisco abraçava a Irmã Morte. Os textos, cantos e sequência ajudaram aos fieis a entrarem na mística da noite solene e a entenderem o carisma franciscano que cercava a celebração.
O pregador desta última noite foi o Ministro Provincial da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, Frei João Amilton dos Santos. Este recordou a intimidade que São Francisco nutria com a Boa-Nova, tesouro deixado por Jesus para nós. O texto escolhido para reflexão foi tirado do capítulo 12 do Evangelho segundo São João, com a qual Frei Amilton se embasou para afirmar que a missão de Jesus é exemplo para nossa missão e que um verdadeiro discípulo de Jesus deve morrer para o mal e para o egoísmo.
Nesse dia, a qual refletimos sobre a sabedoria do Evangelho no encontro com a Irmã Morte, o pregador abordou a relação que o Pai Seráfico mantinha com a figura da morte, vendo nela uma porta para a eternidade e recebendo-a como um momento de ação de graças. Faz-se então um convite para que construamos um novo significado para esta passagem, à luz de São Francisco, para que a entendamos como verdadeiro encontro com o Pai Celeste.
“Acolhamos a morte como irmã, ela nos tira a vida, mas somos conduzidos à fonte da vida plena onde está São Francisco”, assim finalizou Frei Amilton.
Um dos pontos altos da noite foi a encenação do Trânsito de São Francisco preparado pela Comissão Paroquial da Juventude. A juventude representou os últimos momentos da vida de Francisco, marcados pela reconciliação com seus irmãos, a criação e o seu próprio corpo. Textos e canções narravam a entrega de Francisco aos braços do Pai, tudo sendo acompanhado com emoção pela multidão reunida. A encenação é uma forma de traduzir através da arte o testemunho do santo padroeiro. A didática consegue fazer com que seja eternizada na mente e no coração dos devotos o abraço de Francisco na Irmã Morte.
Após a encenação, uma queima de fogos iluminou a praça dos romeiros e todos os presentes com o coração alegre e vibrante acompanharam com entusiasmo a celebração da vida que Francisco continuou abraçando com sua morte.
Texto: Roberto Alves e Caio Renan
Fotos: Caio Renan e Jander Silva