Antes ainda do início da tradicional animação, os fiéis foram se achegando, reservando seus lugares e fazendo suas orações na Praça dos Romeiros. Ao cair da noite, uma multidão já se encontrava no espaço e os bancos vazios foram sendo tomados pelas escolas e os devotos que acompanharam a procissão do Painel de São Francisco. Como tradicionalmente acontece todos os anos, alunos e professores das escolas públicas e particulares trouxeram suas bandeiras, vestiram seus uniformes e participaram da novena com o desejo de aprender com Francisco a gerar a fraternidade.
Diante do crucifixo de São Damião, com a praça repleta das lanternas acesas, os fiéis invocaram como o santo de Assis a luz de Deus, para iluminar as trevas do coração e assim fazer a santa vontade do Pai. No momento da memória dos frades que já passaram durante estes 100 anos de presença em Canindé, familiares de Frei Ademir e Frei Adimar subiram ao altar central com fotos dos dois religiosos enquanto eram lidas a história dos religiosos. O momento emocionante foi seguido da leitura do texto franciscano, apresentação realizada pela Escala José Roseno e a procissão da Palavra de Deus feita pela Escola Indígena Expedito de Oliveira Rocha.
O número de fiéis que surpreendeu as expectativas da organização acompanharam atento a leitura do Evangelho e a pregação realizada pelo Bispo da Diocese do Crato Dom Magnus Henrique que fez algumas indagações a comunidade: “Por onde anda a nossa sabedoria? Nossas conquistas materiais?” e seguiu refletindo “O homem tem feito suas conquistas intelectuais, partindo de uma concepção nem sempre iluminada pela fé e pela razão. Repito a frase do filósofo Platão no mito da Caverna, tantas vezes o nosso mundo para nossa formação não passa das sombras que contemplamos por isso é preciso algo mais profundo quando o assunto é o conhecimento.”
O bispo com hábito franciscano Capuchinho, frisou a partir da história de Francisco de Assis que muitas vezes rezamos, carregamos devoção e ficamos nos Fioretti, nas histórias, no Francisco poético esquecendo aquele que caminhava nas ruas de Assis e tinha coragem de ir junto dos Leprosos, que sabia se curvar diante de Deus e reconhecia a natureza. Diante da necessidade de abraçar uma vida e devoção mais profunda, o bispo pediu que assim como Francisco diante do crucifixo de São Damião, precisamos assumir o compromisso de reconstruir tantas realidades que nos cercam, saindo da novena se perguntando o que precisa ser reconstruído.
Dom Magnus lembrou que mesmo ainda hoje a mensagem de Francisco é ecoada pelo mundo, mas encerrada em quadros e poesias. “Francisco foi o homem que teve a coragem de abraçar a cruz. Hoje somos marcados pela divisão, concorrências, pela morte que vai além da biológica e chegam as Redes Sociais. Convido a juventude para descobrir o grande valor e a ética dos meios de comunicação da internet. Que estes meios não sirvam para matar ou destruir a sociedade e os corações, mas para fomentar a fraternidade.”
Diante da famosa frase ao final da vida de Francisco, onde ele aponta a necessidade de um recomeço, Dom Magnus pediu aos Professores, educadores e alunos para não terem medo de recomeçar. “Tenham sempre a coragem, a esperança e a fé em Deus que o recomeço iluminado pela Palavra de Deus que é a verdade palavra da sabedoria, esse recomeço nos leva para verdadeira liberdade, para a Paz e o bem que Francisco tanto pregou.”
O roteiro da novena seguiu com o canto da Ladainha, os comunicados e a benção do Santíssimo Sacramento lembrando o amor de Francisco pela Santa Eucaristia.
Fonte: Serviço de Comunicação do Santuário de Canindé
Fotos: Jander Silva