Da mesa do altar as ruas de Canindé, devotos celebram o dia de São Francisco em Canindé

Quando ainda estava escuro, a programação do dia de São Francisco deu início na Praça dos Romeiros com a primeira Missa que foi presidida pelo Ministro Provincial às 5h. Enquanto o Irmão Sol ia tomando o seu lugar no céu azul de Canindé, os devotos acompanhavam atentos a celebração onde Frei Rogério Lopes convidava para uma atitude de conversão ao findar de mais uma Romaria, sabendo que todos estes foram privilegiados pois a estes foram reveladas as coisas do Pai. 

Um dos momentos centrais na manhã deste dia 4 de outubro foi a Missa das 9h presidida pelo Arcebispo de Fortaleza Dom Gregório Paixão, que logo no início deixou evidente o seu lugar de romeiro junto ao Santuário como muitos que visitam nestes dias e como nordestino natural de Aracaju (SE) lembrou em sua homilia a resistência do povo sertanejo que impulsiona ainda hoje uma firmeza na fé. A celebração contou ainda com a presença do Bispo Emérito de Ponta Grossa (PR) Dom Sérgio Arthur Braschi, do Ministro Geral Frei Massimo Fusarelli, Definidor Geral Frei César Küllkamp, do Ministro Provincial Frei Rogério Lopes e dos frades que compõem a fraternidade local e que chegaram de outros lugares da Província.

Dom Gregório: Vale a pena pisar neste solo Sagrado, para levar a Paz e o bem para todos aqueles que fazem parte e o que não estão presente em nossa história

No início de sua homilia, após saudar os presentes, Dom Gregório, que pela primeira vez celebra a Festa de São Francisco em Canindé, fez um resgate histórico da presença dos povos originários no sertão de Canindé até chegar a presença da fé católica na cidade, apresentando os sinais que mostram a paixão do povo por esta terra, e o que os levaram a resistir diante de tantos problemas enfrentados: “Nós aprendemos a amar a terra onde nós estamos, nós aprendemos a observar que apesar de tanta chagas que nos impuseram ao longo do séculos nós estamos aqui e nessa terra dura, às vezes seca e por mais que tenha sido proibido o pão de cada dia por causa de uma série de coisas, nós conseguimos reexistir e conseguimos que nossos filhos permanecessem nessa terra para que pudéssemos ir adiante.” Lembrando ainda da resistência do povo, fazendo a referência a canção de Luiz Gonzaga, o prelado lembrou que nossa história mesmo com a escassez da água, é banhada pela fé, “e se a Asa Branca é a última que sai do sertão quando não encontra mais uma gota d’água ou um alimento, nós também só saímos daqui quando faltou a sobrevivência total porque afinal de contas, é o próprio Deus que nos faz resistir e nunca desistir”.

Entre existência e resistência, o arcebispo lembrou que só a partir desta consciência da presença de Deus na história, nós podemos entender o que estamos celebrando, pois só assim compreendemos nossa história como um ato Divino, entendendo que fomos amados por Deus e assim também devemos amar a todos. 

Continuando os passos da história, Dom Gregório lembrou a vida de Francisco marcada por grandes alegrias da nobreza, rodeado por mulheres e por muitas riquezas, que o levou a viver somente para os seus sentidos, onde sua vida e seu orgulho lhe bastavam, porém recordou o bispo “a vida desse homem foi ingressada por outro homem, marcado pela humildade, provindo do interior, do grande Sertão de Israel, um homem chagado e esse homem era também Deus e assim transformou toda a sua vida.” Frisando esta mudança e as consequência do amor a este homem que era o próprio Senhor, o presidente da celebração disse que assim, Francisco conseguiu ressignificar sua vida e sua história, podendo observar os invisíveis da sociedade, abraçando e beijando os repugnados da sua época e assim fez a mudança não pelo poder que tinha, mas com seu testemunho demonstrando uma vida que observava e acolhia a todos.

O cume de todo o seguimento da vida do Santo, está segundo o bispo, na impressão das chagas e assim como o Ressuscitado que continuou carregando as marcas em seu corpo, Francisco ao olhar para as suas “lembrava o tempo todo que ele estava verdadeiramente servindo e seguindo aquele que ele levava a todas as pessoas” e exortando o povo disse que “quando a gente leva Deus para o coração do outro, quando a gente leva verdadeiramente Deus para o seio da sociedade ela muda porque afinal de contas, Deus sem nós continua sendo Deus, mas agora sem ele, não somos nada. Uma sociedade sem Deus, é vazia. Com Deus enxergamos no outro a própria figura de Jesus Cristo principalmente nos pobres, naqueles que clamam por justiça, naqueles que pedem um lugar, naqueles que desejam fazer parte da grande ciranda da vida onde ninguém pode faltar.” E exortou os romeiros a ter fé em Jesus que os leva a ser homens e mulheres que indicam o mundo novo como fez Francisco. 

Ao lembrar o termo usado “Pai Seráfico” o bispo ressaltou que assim como os Serafins, Francisco foi próximo do Senhor e deixou seu coração arder pelo Amado. Apontando para a relíquia presente na celebração com um pedaço do hábito do santo manchado com sangue, o bispo lembrou da fragilidade que assim como o santo todos temos, “tudo na vida é passageiro, mas a grande riqueza que nós temos para transformar toda realidade, verdadeiramente é Deus e foi isso que Francisco nos mostrou e é por isso que chegamos aqui e pedimos a intercessão a este santo que com um amor transbordante transformou a vida de todo mundo, como símbolo de uma nova criatura.” 

Concluindo a homilia, Dom Gregório destacou aos fiéis: “Queridos romeiros, trazemos os traços dessa história, no rosto, mas também no sofrimento. Trazemos igualmente em nosso corpo as chagas da necessidade de um povo que ainda precisa caminhar muito para ter pelo menos o pão de cada dia na mesa. Somos, sim filho de um povo que não desistiu, carregamos os traços de quem caminha, de quem consegue chegar à meta desejada, porque não estamos sós, carregamos a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo ao lado de uma multidão de irmãos e temos a eterna intercessão de São Francisco.” 

Confira os registros da Missa Solene:

A programação da tarde deu início com a última missa do dia presidida pelo reitor do Santuário Frei Gilmar Nascimento e transmitida pela TV Evangelizar. Durante a homilia, o presidente da celebração partilhou para os presentes, que nestes dias embora reconheça todo o trabalho de evangelização feita pelos frades, padres, religiosos (as) agentes de pastorais em mais uma Festa, ele foi mais evangelizado do que evangelizou e confirmou que de fato, Deus escolhe os pequenos para revelar os seus planos para nós. “Obrigado a cada um de vocês, que nos apontam sempre de uma maneira simples, o Projeto do Pai.” Concluiu o celebrante.

Após a missa de encerramento, a expectativa agora girava em torno da procissão com a imagem primitiva de São Francisquinho pelas ruas da cidade. Rodeando a Capela do Painel, ao som das músicas do Grupo de Animação e da Banda de Música J Ratinho, os romeiros acolheram a chegada do andor para o início da procissão. Neste ano, a equipe de ornamentação que começou os trabalhos ainda no dia anterior (3) preparou a estrutura do símbolo religioso de acordo com a celebração dos 800 anos da impressão dos Estigmas, colocando junto a imagem primitiva o Serafim alado que imprimiu as chagas em Francisco como narra as fontes franciscanas. Junto do andor, homens e mulheres se organizavam e revezavam para conduzi-lo. No passar das mãos e dos ombros, em meio aos vivas e orações, o andor saiu pelas ruas e quando a noite chegou, a própria luz que ladeava a imagem iluminava a procissão acompanhando a fé dos romeiros que brilhavam e eram expressas nos trajes marrom, nos pés descalços, e nas promessas que das mais diversas formas eram pagas. 

Ao chegar na Praça da Basílica, a emoção foi forte, o badalar do sino e ao som do tradicional canto “cheio de amor” os romeiros acolheram a imagem. Frei Gilmar dirigiu os agradecimentos a comunidade e por um momento de silêncio, seguido pela comunidade presente, pediu para que com a lanterna do celular acesa, pudessem rezar uma Ave Maria pelas vítimas do acidente que ocorreu no final do dia, vitimando dois romeiros de São Francisco. Frei Gilmar prestou condolências às famílias e demonstrou o luto do Santuário pelo fato, mas ao mesmo tempo a crença pela vida eterna tão presente na história de São Francisco. 

Confira os registros da procissão com a imagem primitiva de São Francisquinho:

Anúncio da Festa 2025

Ao final de suas palavras, Frei Gilmar animou os romeiros a começar uma preparação rumo a Festa de São Francisco 2025, que acontecerá mais uma vez em seu período normal, de 24 de setembro a 4 de outubro. No próximo ano, a Família Franciscana celebra mais um ano jubilar, os 800 anos da composição do Cântico das Criaturas e ainda os 10 anos da encíclica do Papa Francisco Laudato Si. A Campanha da Fraternidade que levará uma reflexão acerca do cuidado para com a Casa Comum e todas estas celebrações que nos remete a uma atenção para a Ecologia integral, será um norte para celebração de mais um Festejo. 

Texto: PasCom – Pastoral da Comunicação da Paróquia de São Francisco das Chagas

Fotos: Antônio C. Alves | Jander Silva

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