“Cada um de nós tem dentro de si coisas que pesam. Todos somos pecadores.” Com estas palavras, o Papa Francisco convida o povo católico à conversão e a passar pela Porta Santa da Misericórdia. Espelhando-se no exemplo generoso do Santo Padre, ontem domingo dia 13 de novembro, o arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio Tosi encerrou na Basílica de São Francisco das Chagas em Canindé, o Ano Santo da Misericórdia e abriu simbolicamente a Porta Santa, fechada por ele inicialmente no dia 13 de dezembro de 2016.
A cerimônia na Basílica marcou, na Arquidiocese de Fortaleza, o encerramento do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, Ano Santo instituído pelo Papa Francisco, período que compreende de 08/12/2015 a 20/11/2016, onde está previsto conceder o perdão àqueles que estão arrependidos de seus pecados.
Vale destacar que para alcançar as indulgências, antes de passar pela Porta Santa, a Igreja Católica orienta que é preciso receber o Sacramento da Penitência (confissão), participar da Missa, comungar, fazer a Profissão de Fé e refletir sobre a misericórdia.
Por determinação do Papa Francisco, pela primeira vez na história da Igreja, não foi necessário ir a Roma para receber as indulgências referentes à passagem pela Porta Santa. Ou seja, os fiéis tiveram o direito de receber as graças jubilares em qualquer diocese, Catedral e/ou Santuário do mundo. A expressão “Porta Santa” se refere exatamente às quatro Portas Santas das Basílicas papais: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros, que ficam sempre fechadas e são abertas somente por ocasião de um Ano Santo.
Durante a celebração do Ano Santo da Misericórdia em Canindé o arcebispo Dom José Antônio disse que é uma grande graça para todos nós. ‘’Pessoalmente, cada um de nós é chamado a experimentar o imenso Amor de Deus que nos salva, renovando nossa vida, manifestando toda a sua ternura no perdão e na misericórdia. Participaram da solenidade religiosa, o Ministro Provincial Frei João Amilton dos Santos, pároco e reitor frei Marconi Lins, Guardião da Casa de São Francisco frei Sérgio Moura, e padres que coordenam as paróquias da Região Sertão.
‘’A Misericórdia divina que nos toca também nos capacita da mesma misericórdia para a prática com relação ao próximo. Assim o Ano da Misericórdia é conseqüentemente chamado à prática das obras de misericórdia, o amor concreto voltado ao próximo em suas mais diversas situações corporais e espirituais. “Misericordiados” tornamo-nos “misericordiosos” – Misericordiosos como o Pai!’’, lembrou o arcebispo.
E os atos de misericórdia se concretizam em obras de misericórdia. E a misericórdia recebida, que une todos numa só comunhão – uma Igreja de Misericórdia realiza-se não apenas individualmente, mas também coletivamente. Para ações maiores, de maior abrangência e profundidade, unem-se os cristãos: na assistência emergencial, na promoção humana, na ação social e política em prol da justiça e fraternidade universal.
Em continuidade com os anos anteriores de celebração do Centenário da Arquidiocese de Fortaleza (Ano da Fé, Ano da Esperança, Ano da Caridade), também e especialmente neste Ano da Misericórdia.
A obra de Deus, desde os inícios da criação, foi realizar sua imagem e semelhança na criatura humana, feita assim relacionamento, sociedade. A obra de Deus na redenção realizada em Cristo é a comunhão de toda a humanidade. Deus se revela Amor em seu próprio ser e em sua obra: e Amor é Unidade Infinita das Pessoas Divinas em Sua Trindade. A unidade da pluralidade humana é a imagem e semelhança de Deus, assim criada e mais ainda recriada em Cristo, Filho de Deus.
Maior consciência e missão mais eficaz querem a Igreja no testemunho e anúncio da alegria do Evangelho da Misericórdia e da Comunhão. Ela nos chama a maior transparência desta Graça que é a participação na Vida Divina. Somos todos chamados, responsabilizados e mobilizados a sermos “Misericordiosos como o Pai é Misericordioso” (cf. Lc 6, 36) nas conseqüências da Fé na vida, da comunhão de vida com Deus na comunhão de vida da humanidade’’, ressaltou Dom José Antônio.
História- A Igreja Católica deu início à tradição do Ano Santo em 1300, durante o pontificado do Papa Bonifácio VIII, que planejou a realização de um jubileu por século. No entanto, para permitir que cada geração presenciasse ao menos um ano santa, em 1475 foi instituído um jubileu ordinário a cada 25 anos. O jubileu extraordinário, como ocorre agora entre dezembro de 2015 a novembro de 2016, é proclamado por ocasião de um acontecimento particular.
A cada 25 anos a um ano santo, mas, de vez em quando, o Papa institui um ano extraordinário da misericórdia. O ano de 2016 é considerado extraordinário porque o Papa Francisco sentiu que o peso do pecado no mundo está muito forte. As pessoas têm que se libertar disso e se voltar para Deus e para o irmão. Sem o perdão dos pecados não há paz no mundo. Conforme a Igreja Católica, até hoje, 26 Anos Santos Ordinários foram proclamados, sendo que o último ocorreu no ano de 2000. Já os extraordinários – dois ao todo – aconteceram no último século: em 1933, proclamado pelo Papa Pio XI, por ocasião do 19º Centenário da Redenção, e em 1983, pelo papa João Paulo II, pelos 1950 anos da Redenção.
Os fiéis participaram do encerramento da Porta Santa no Município de Canindé, vivenciando assim, a graça do jubileu e obtendo a indulgência. A Basílica de São Francisco foi escolhida pelo Arcebispo Dom José Antônio Tosi para representar a região ser um local tradicionalmente procurado por romeiros e fiéis devotos do santo mais popular do mundo e que em vida imitou Jesus Cristo.
O encerramento do Ano Santo nos santuários de Dioceses do Brasil aconteceu dia 13 de novembro por determinação do Papa Francisco. Durante um ano fieis tiveram a oportunidade de conseguir indulgências a partir da passagem pela porta Santa que pela primeira vez foram abertas em vários lugares santos do mundo.
No santuário de Canindé a estimativa foi que mais de três milhões de pessoas passaram pelo Santuário durante este ano santo e puderam fazer a experiência da misericórdia feita por São Francisco lembrada pelo Arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio na Missa de Abertura.
Em uma carta circular, divulgada no último dia 13 de outubro, o Arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio convida as comunidades, paróquias, áreas pastorais, associações e movimentos eclesiais, novas comunidades, organismos eclesiais e coordenações pastorais para participarem deste momento importante e que significa comunhão eclesial e ação de graças comum.
O papa Francisco proclamou o Jubileu da Misericórdia com a publicação do documento Misericordiae Vultus, no qual explicou que o Ano Santo se iniciaria em 08 de dezembro de 2015, solenidade da Imaculada Conceição, e se encerraria em 20 de novembro de 2016, Solenidade de Cristo Rei. Com isso, o Santo Padre convidou toda a Igreja a contemplar, ao longo desse ano, a misericórdia de Deus, pois é com misericórdia que Ele nos trata e espera que tratemos os nossos irmãos.
No domingo seguinte a abertura do Ano Santo, o Papa abriu a Porta Santa na Catedral de Roma e o mesmo aconteceu em todas as catedrais do mundo e também em santuários ou igrejas onde ocorrem peregrinações.
VOCÊ SABIA?
Na Igreja Católica, quando há um Jubileu, os fiéis que cumprem certas disposições estabelecidas pelo papa recebem indulgências ao longo de um ano.
Quando alguém se arrepende de seus pecados e se confessa, recebe o perdão de Deus para os pecados cometidos, contudo, ainda sim há uma pena a ser cumprida. Quando o fiel recebe uma indulgência, a pena é remida, ou seja, deixa de existir.
Para receber a indulgência concedida nesse ano, o fiel deve fazer o caminho da misericórdia, passando pela Porta Santa em qualquer igreja que a tenha aberto, confessando-se, participando da Eucaristia, rezando nas intenções do papa e realizando as obras de misericórdia.
As obras de misericórdia corporais são: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que têm sede, vestir os nus, acolher o estrangeiro, visitar os enfermos, visitar os encarcerados e sepultar os mortos.
As obras de misericórdia espirituais são: aconselhar os duvidosos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as injustiças e rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos.
Fotos e texto de Antônio Carlos Alves