
Prezados Confrades,
Irmãs Clarissas e Concepcionistas, e
Irmãos e irmãs da Família Franciscana,
“A esperança não decepciona”
Rm 5,5
Neste ano em que a nossa Igreja celebra o Jubileu Ordinário, somos exortados, como afirma o apóstolo Paulo, a sermos peregrinos da esperança. Na bula de convocação do Jubileu, o Papa Francisco reforça que:
“além de beber a esperança na graça de Deus, somos também chamados a descobri-la nos sinais dos tempos que o Senhor oferece”
Ele expressa o desejo de que o primeiro sinal de esperança seja a “paz para o mundo”, por meio do empenho dos responsáveis pelas nações em pôr fim aos conflitos e às guerras.
Trazendo essa reflexão para perto de nós, podemos reconhecer que, enquanto Família Franciscana em nível global e Família Provincial, tanto a celebração dos 800 anos do Cântico das Criaturas quanto os 440 anos da chegada dos primeiros frades a Olinda se configuram como sinais de esperança e avivamento das nossas vocações.
O Cântico das Criaturas nos oferece uma mensagem bastante atual, que reverbera acordes de esperança em nosso tempo de grandes conflitos e polarizações, os quais afetam e perturbam as relações humanas com o meio ambiente. Ele também revela, além do seu valor teológico, espiritual e humano, a urgência de evidenciar ainda mais a temática da fraternidade ecológica. É também um tempo privilegiado para aprofundarmos o nosso carisma e purificarmos o nosso olhar, a fim de que possamos contemplar a nossa vida e a nossa história com gratidão a Deus por meio de suas criaturas.
Ao mesmo tempo, somos exortados, nesta celebração, a recuperar o aspecto contemplativo que realça nossa presença e a beleza do Criador, reveladas em todas as coisas e, especialmente, em nossa Casa Comum. Essa inspiração, manifestada por São Francisco, permanece atual e é celebrada em um momento marcado pelas mudanças climáticas que assolam o mundo e desafiam a humanidade a olhar para si mesma no tocante aos impactos de suas ações sobre a criação e a própria existência.
Em se tratando da memória da chegada dos primeiros frades a Olinda, marco do início da presença franciscana em solo brasileiro, somos interpelados a assumir um compromisso de vida evangélica característico da nossa vocação e missão. Neste tempo celebrativo, queremos fazer memória desse evento marcante da história da nossa Província, a fim de contemplar a beleza do passado com gratidão, viver o presente com paixão, e vislumbrar e semear um futuro de esperança e paz; enquanto buscamos corrigir os passos equivocados da nossa história, a fim de sermos mais fiéis ao santo Evangelho no presente em que vivemos.
Tanto o Jubileu do Cântico das Criaturas quanto a memória da chegada dos franciscanos a Olinda só existem porque, primeiro, Francisco de Assis, o nosso Seráfico Pai, cuja festividade celebramos hoje, respondeu com generosidade ao chamado de Deus. É ele quem nos inspira a sermos irmãos e irmãs das criaturas e portadores da esperança em um mundo carente de justiça, solidariedade e fraternidade. O testemunho de Francisco nos vincula a todos os seres criados e nos compromete, sobretudo, com os mais necessitados do mundo.
Que neste dia façamos ecoar, em nosso meio, a sonoridade do amor e da esperança, a fim de promover a cultura do respeito e do cuidado com a nossa Casa Comum.
Desejo a todos e a todas boas festas, pela intercessão do nosso irmão da esperança e da fraternidade universal.
Dado na Cúria Provincial, em Recife, aos quatro dias do mês de outubro do Ano da Graça do Senhor de dois mil e vinte e cinco, Solenidade de nosso pai São Francisco.
Fraternalmente,
Frei Rogério Lopes da Costa, OFM
Ministro Provincial
¹ Papa Francisco, Spes non confundit. Bula de Convocação do Jubileu Ordinário do Ano 2025, 9 de maio do ano 2024, n. 7.
Reprodução: OFM Santo Antônio