Como São Francisco nos ensina a se preparar para o Natal do Senhor?

A tradição franciscana apresenta São Francisco como o primeiro a criar o presépio. Mais do que uma peça de museu ou representação teatral, ele encontrou, na representação dos relatos evangélicos, uma forma simples e bela de contemplar e louvar o mistério da Encarnação. Essa cena profunda foi descrita por São Boaventura em sua Legenda Maior e inspirou a arte de Giotto di Bondone, que retratou o gesto do santo na Basílica de Assis. Desde então, essa expressão de fé continua a inspirar e a ganhar forma em nossas casas, igrejas e instituições.

A natividade. Giotto, 1304-1306.

A cena da montagem do presépio em Belém também nos convida a preparar o coração para a chegada do Menino-Deus. Para isso, a Igreja nos oferece um tempo litúrgico especial, chamado Advento. Nesse período, marcado pela cor roxa, pelos cantos e pelos textos bíblicos que anunciam a vinda do Filho de Deus, somos convidados, como São Francisco, a acolhê-lo em nosso meio e a repetir simbolicamente o gesto vivido pelo santo naquela noite em Greccio. Como relata Boaventura, Francisco ficou “cheio de piedade, banhado em lágrimas e irradiante de alegria”.

Assim, cada gesto de preparação expressa o desejo profundo que marca nossa identidade cristã: reviver os mistérios da Encarnação do Verbo de Deus. Ao fazer memória do nascimento de Jesus, reconhecemos que esse acontecimento não é apenas um fato distante da história, mas algo que continua a acontecer sempre que permitimos que Deus faça morada entre nós.

Embora as fontes franciscanas não descrevam em detalhes como Francisco se preparava para o Natal, a experiência de Greccio nos oferece belas inspirações para viver o Advento com a mesma simplicidade, sensibilidade e criatividade do santo.

1. Viver a esperança

Coroa do Advento.

O Advento, por si só, já nos chama a cultivar a esperança. Longe de medos ou tensões, esse tempo nos ensina a arte de esperar e acolher o dom de Deus. Somos convidados a transformar nossa realidade numa nova Belém, acreditando em um mundo novo, onde o Reino de Deus possa renascer, com os rostos e necessidades do nosso tempo.

Essa atitude nos faz recordar São Francisco que, ao escrever a Frei Leão um bilhete com louvores ao Deus Altíssimo, afirmou: “Vós sois nossa esperança”. Muito mais do que uma reverência, esse clamor deve ser a resposta que damos a partir da vivência perseverante da virtude da esperança. É essa esperança que devemos implorar com São Francisco: “Ó Glorioso Deus Altíssimo… concede-me uma esperança firme”.

Em meio à correria e à avalanche de informações, corremos o risco de esperar soluções rápidas para tudo e de deixar passar o essencial. A mensagem do Advento pode soar como mais uma notificação perdida no celular. São Francisco, porém, nos convida a reencontrar a esperança no próprio Deus, que nunca desiste da humanidade e caminha conosco e sendo Ele nossa esperança, esta nunca nos decepciona.

2. Fazer nascer entre nós uma nova “Casa do Pão”

Presépio na Quadra da Gruta do Santuário de São Francisco das Chagas.

“Belém” significa “Casa do Pão”. Esse nome ganha ainda mais força quando celebramos o Natal, o dia em que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). De um lugar pequeno e simples, da periferia geográfica, a humanidade se alimentou do “pão vivo que desceu do céu” (Jo 6,51).

Francisco compreendeu profundamente esse simbolismo. Tomás de Celano conta que ele desejava que, no Natal, “os pobres e famintos fossem saciados pelos ricos”, e sonhava que, se pudesse falar ao imperador, “pediria que todos lançassem trigo pelas ruas para que até os pássaros participassem da festa.” (Tomas de Celano 151) Não permitindo que ninguém ficasse sem alimento.

Neste tempo, tantas comunidades promovem gestos concretos de solidariedade. Participar dessas iniciativas é uma forma bonita de fazer alguém experimentar a alegria do Natal, especialmente através do alimento.

3. Contemplar, com compromisso, a humildade do Menino

Criança em frente ao presépio montado em sua casa.

Francisco reconheceu no movimento de humildade de Cristo o centro de sua própria vocação. Não se tratava de humilhação ou baixa autoestima. Era uma maneira nova de se relacionar com todos, como irmãos.

Essa virtude estava fundada na pobreza de Maria e de Jesus. São Francisco dizia que a pobreza era uma “virtude real”, luminosa no Rei e na Rainha, e confidenciava: “A pobreza é o caminho especial da salvação”.

Mas atenção! O brilho das festas e o ritmo do comércio, pode fazer com que a humildade seja facilmente esquecida. Mas o Natal nos lembra, com delicadeza, que as verdadeiras riquezas estão nas coisas simples e nas relações cuidadosas com os outros.

4. Cultivar uma fraternidade universal

Santa Missa na Quadra da Gruta.

O Natal é a festa do Deus conosco, que reúne todos ao redor de si e não exclui ninguém. Todos tem lugar na Gruta de Belém, desde Reis a pastores, de anjos a animais.  Naquela noite santa, a salvação chegou para todos os homens de boa vontade. Repetindo tal mensagem, Francisco, ao celebrar o presépio de Greccio, quis que todos, até os animais, participassem da alegria daquele momento.

Também nós costumamos reunir família e amigos para celebrar. Amar os que estão perto pode ser mais fácil. Porém, o Natal nos desafia a ampliar o coração, aproximar-se de quem está distante, curar relações e valorizar o diálogo.

5. Montar o presépio em casa

Família participante da Mostra Fotográfica de Presépios no ano de 2024.

Ao montar o presépio, Francisco queria tornar presente, em seu tempo, a alegria daquela noite santa. Hoje, podemos fazer o mesmo. Mais do que reunir imagens, trata-se de permitir que aquele pequeno cenário nos toque com suas virtudes e significados. Assim, nossas casas e famílias se tornam presépios onde a vida nasce e renasce.

Somos convidados a montar o presépio de forma criativa e significativa e, durante o Advento, reservar momentos simples de oração diante dele, deixando-nos inspirar pela mensagem de Belém.

Texto: Roberto Alves

Fotos: SerCom – Serviço de Comunicação do Santuário.

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